sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Posso conversar machadianamente com vc agora?

Eu sou minha mãe, meus ídolos, meus ouvidos, meus olhos, meus amores, meus sonhos.
Sou minha lente, sou sua lente, espelho e projetor. Posso ser o oposto de tudo, o início do fim, o fim e o meio, os meios e métodos, a ciência, a filosofia, a teoria unificada.
O que acredito, como acredito, efêmera nuvem passageira, são na essência a atmosfera em que meu planeta está protegido.
Posso não hesitar em agradar; posso me comover (ou não); posso nunca estar a favor.
Eu estou te observando... e eu não esqueço das coisas.
Eu falo das coisas como se as possuísse. E, quando o pensamento vira palavra, até parece que não saiu de dentro de mim.
Eu sei das coisas. Não sei como sei, mas sei sabendo.
Quando penso com este saber sabido, é como se conhecesse todas as respostas pra todas as perguntas sobre as coisas materiais exteriores a mim mesma; que não vira palavra pois não sabe ser dita - ainda não descobri o idioma do pensamento.
Eu penso como se fosse num dizer poético, nessa linguagem. Mas só sei falar a linguagem do dizer quando é sobre mim.
Sobre os outros, as outras coisas, o receio transforma pensamento em Babel.
E tudo são coisas de sentido sem palavra e sem meio pra se expressar.
Todo mundo cai no mesmo lugar-comum...

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