domingo, 28 de agosto de 2011

  
  Meu corpo repousa numa inércia mórbida, morna. Meu descanso é agitado. Meu sono é entrecortado por horas de pensamentos perdidos, confusos... Meus sonhos são mesclas de figuras oníricas e estímulos externos. Morpheu, não percebe que é hora de parar com essa brincadeira de mau gosto que me obriga a brincar todas as noites? 
  Já não sei mais se estou dizendo coisas que realmente sinto. É que parece que não estou sentindo nada. Absolutamente nada. Um vazio na alma que me deixa sem ar, que me aperta o peito com uma força esmagadora, que me empurra pra baixo e me joga nessa cama de onde não consigo sair. 
  Ah, esse meu corpo clama por algo que eu não sei direito o que é. Implora para que eu sinta, apenas sinta, o que eu já não sinto mais. Pede, de forma visceral, que eu vá além dos limites que o circundam, que eu o liberte. Faz com que eu sinta, com todos os sentidos, na camada mais fina da pele, a vontade louca de sair de si mesmo. Coloca-me em convulsões e suores  para que eu entenda que eu não lhe caibo, que eu não lhe pertenço. Mas então a que lugar eu pertenço? Mas quais são as barreiras que eu preciso romper? As barreiras da carne são mais palpáveis que as barreiras do psiquismo. E não pertenço a lugar nenhum. 
  Meus olhos se abrem todas as manhãs e o foco de luz que entra pela minha retina é o suficiente para acordar a multidão que caotiza a minha cabeça. Uma multidão desordenada, revoltada, que grita em uníssono palavras que eu não entendo. Gritam, e o som ecoa, porque é vácuo, vazio. E o som apenas ecoa, ecoa... e eu sou incapaz de atribuir sentido a ele.  
  Ponho-me a fazer o que tem que ser feito. Quando sinto-me feliz, é algo como sorrir com os músculos da face para a fotografia. Divirto-me esperando o tempo passar para ir embora. Mas ir embora para onde se não existe lugar pra mim no espaço? É como me sinto: eu não caibo no mundo. E então meu coração se acelera de angústia e tédio. Isso, sou tomada por um tédio enorme e uma raiva generalizada. Existe em mim um mau-humor crônico e o que eu faço é abafá-lo para tornar minha convivência com as pessoas minimamente "normal". Quando esse sentimento de tédio e mau-humor vem e eu sou tomada por essa vontade de ir embora insaciável, eu consigo ver, desesperada, que não existe espaço pra mim no mundo e nem dentro de mim mesma. Não existe espaço para tanto sentimento e pensamento, eu não caibo dentro de mim mesma, dentro do meu próprio corpo, e ele não só me implora para sair como também me expulsa!     Sinto-me paradoxalmente presa, apertada, num espaço oco e vazio.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Nobody said it was easy
It's such a shame for us to part
Nobody said it was easy
No one ever said it would be this hard
Oh, take me back to the start

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O reflexo 
ainda causa 
refluxo.
Que bom seria 
viver
sem histeria.





Quem é vc do outro lado? 
Eu desconheço, eu ignoro, eu tenho medo.
Quem é vc que não obedece o meu comando, 
que não responde o meu chamado,
que não ouve a minha voz?
Quem é vc que tem vontade própria,
que faz de mim sua escrava,
que toma as minhas forças e o meu pensamento?
Quem é vc que me arrebata assim tão convulsamente, 
que tensiona meus nervos como uma epilepsia, 
que chega sem aviso prévio, sem pedir licença, sem se apresentar?
Eu não permito que vc se aposse assim das minhas vontades.
Não permito que atropele minha lógica, minha razão, com suas idéias desorganizadas.
Que me tome pelos pulsos e me transforme em impulsos.
Que faça de mim um reflexo que causa refluxo.
Quem é vc, afinal? Por favor, me diz! 

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

"Estamos sempre indo pra casa."

"O tempo...
Esse algoz às vezes suave, às vezes mais terrível...
Demônio absoluto conferindo qualidade a todas as coisas...
É ele ainda hoje e sempre quem decide.
É por isso a quem me curvo cheio de medo...
E erguido em suspense me pergunto: qual o momento preciso da transposição...?
Que instante...?
Que instante terrível é esse que marca o salto...?
Que massa de vento...?
Que fundo de espaço concorrem para levar ao limite...?
O limite em que as coisas, já desprovidas de vibração, deixam de ser simplesmente vida na corrente do dia-a-dia, para ser vida nos subterrâneos da memória..."





“Eu tinha de gritar em furor que a minha loucura era mais sábia que a sabedoria do pai
Que a minha enfermidade era mais conforme que a saúde da família
Que os meus remédios não foram jamais inscritos nos compêndios
Mas que existia uma outra medicina – a minha...
E que fora de mim eu não reconhecia qualquer ciência...
E que era tudo só uma questão de perspectiva
E o que valia era o meu e só o meu ponto de vista
E que era um requinte de saciados testar a virtude da paciência com a fome de terceiros.”

Lavoura Arcaica, 2001
Dirigido por Luiz Fernando Carvalho



Breathe me.

Help, I have done it again
I have been here many times before
Hurt myself again today
And, the worst part is there's no-one else to blame


Be my friend
Hold me, wrap me up
Unfold me
I am small
I'm needy
Warm me up
And breathe me


Ouch I have lost myself again
Lost myself and I am nowhere to be found
Yeah I think that I might break
I've lost myself again and I feel unsafe


terça-feira, 9 de agosto de 2011

Voodoo Girl _ Tim Burton



Sua pele é pano branco,
nela tudo é costurado à parte.
E ela tem muitos alfinetes coloridos,
saindo do seu coração.

Ela tem um belo conjunto de discos hipnóticos nos olhos
que ela usa para hipnotizar caras.
Ela tem muitos zumbis diferentes
que estão profundamente em seu transe.
Ela tem até um zumbi
que é original da França.
Mas ela sabe que há uma maldição sobre ela,
uma maldição que ela não pode vencer.
Pois se recebe alguém muito próximo a ela,
os alfinetes penetram profundamente.