quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Florbela...



"A vida é sempre a mesma para todos: rede de ilusões e desenganos. O quadro é único, a moldura é que é diferente."

"Estou cansada, cada vez mais incompreendida e insatisfeita comigo, com a vida e com os outros. Diz-me, porque não nasci igual aos outros, sem dúvidas, sem desejos de impossível? E é isso que me traz sempre desvairada, incompatível com a vida que toda a gente vive."

Florbela Espanca

terça-feira, 25 de janeiro de 2011



Bandolins
Oswaldo Montenegro

Como fosse um par que nessa valsa triste 
Se desenvolvesse ao som dos bandolins
E como não e por que não dizer

Que o mundo respirava mais se ela apertava assim
Seu colo e como se não fosse um tempo

em que já fosse impróprio se dançar assim
Ela teimou e enfrentou o mundo
Se rodopiando ao som dos bandolins


Como fosse um lar, seu corpo a valsa triste iluminava

e a noite caminhava assim

E como um par o vento e a madrugada iluminavam

A fada do meu botequim

Valsando como valsa uma criança

Que entra na roda, a noite tá no fim
Ela valsando só na madrugada
Se julgando amada ao som dos bandolins


quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Acho que foi na aula sobre Jung que ouvi que é como se tivéssemos cascas, em cada situação admitimos um self, que corresponde às expectativas do momento, e vamos nos constituindo "cascas", mas essas cascas cercam um núcleo, que seria o verdadeiro self, a estrutura da personalidade.
Não sei se isso faz sentido, mas casa também com teorias de psicologia social, que dizem que agimos e somos o que os outros esperam que sejamos...


Mais uma vez o olhar do outro que nos define,


que define o que eu sou
e a minha auto-imagem
e chego a Lacan outra vez...
Mas se cada pessoa me vê de forma diferente, uns me amam outros me odeiam, então eu tenho um eu esfacelado.
Eu nao sou eu, eu nao sou, e ao mesmo tempo sou tudo!
É enlouquecedor pensar isso, essa analise do 'quem ou o que sou eu?'
Minha personalidade sempre me golpeia
e está sempre mostrando pra mim que eu nao sei nada sobre mim...







domingo, 9 de janeiro de 2011

Para a minha amiga Luana*

"No vácuo de mim eu me despenco. Porque seria preciso também abdicar de mim mesmo para novamente reconstruir-me. Tornar a escolher os gestos, as palavras, em cada momento decidir qual dos meus eus assumir. Já esfacelei meu ser, já escolhi as porções que me são convenientes, esquecendo deliberado as outras. E são elas - serão elas? - que agora se movimentam revoltadas, pedindo passagem em gritos mudos, na ânsia de transcender limites, violentar fronteiras, arrebentando para a manhã de sol. O tremular da chama é um aceno, convite para chegar à verdade última e íntima de cada coisa.
Não quero, não posso restar nu, despojado de mim mesmo. Não posso recomeçar porque tudo soaria falso e inútil. As minhas verdades me bastam, mesmo sendo mentiras. Não é mais tempo de reconstruir.
Sôfrego, torno a anexar a mim esse monólogo rebelde, essa aceitação ingênua de quem não sabe que viver é,constantemente, construir, não derrubar. De quem não sabe que esse prolongado construir implica em erros, e saber viver implica em não valorizar esses erros, ou suavizá-los, distorcê-los ou mesmo eliminá-los para que o restante da construção não seja abalado.Basta uma pausa, um pensamento mais prolongado para que tudo caia por terra. Recomeçar é doloroso. Faz-se necessário investigar novas verdades, adequar novos valores e conceitos. Não cabe reconstruir duas vezes a mesma vida numa única existência. Por isso me esquivo, deslizo por entre as chamas do pequeno fogo, porque elas queimam.
E queimar também destrói."

"Aos poucos, a gente vai mudando o foco
e o lugar nem te acrescenta mais, você
começa a precisar de outros lugare

e de outras pessoas
e de bebidas mais fortes
nem pensa
vai indo junto com as coisas."

"De cada dia arrancar das coisas, com as unhas, uma modesta alegria.
Em cada noite descobrir um motivo razoável para acordar amanhã." 



'Caio Fernando Abreu'

sábado, 8 de janeiro de 2011

Lacaniando... 'não tente encontrar sentido onde ele não existe, mesmo que faça total sentido'

O Eu, escreveu ele, constrói-se à imagem do semelhante e primeiramente da imagem que me é devolvida pelo espelho- este sou eu. 

O investimento libidinal desta forma primordial, “boa”, porque supre a carência de meu ser, será a matriz das futuras identificações. Assim, instala-se o desconhecimento em minha intimidade e, ao querer forçá-la, o que irei encontrar será um outro; bem como uma tensão ciumenta com esse intruso que, por seu desejo, constitui meus objetos, ao mesmo tempo em que os esconde de mim, pelo próprio movimento pelo qual ele me esconde de mim mesmo. É como outro que sou levado a conhecer o mundo: sendo, desta forma, normalmente constituinte da organização do “je” (eu inconsciente, Isso, Id), uma dimensão paranóica. O olhar do outro devolve a imagem do que eu sou. O bebê olha para a mãe buscando a aprovação do Outro simbólico.

É no outro e pelo outro que aquilo que quero me é revelado. Meu desejo é o desejo do outro. Não sei nada de meu desejo, a não ser o que o outro me revela. De modo que o objeto de meu desejo é o objeto do desejo do outro. O desejo é, acima de tudo, uma seqüela dessa constituição do eu no outro.

Meu coração ta apertadinho hoje... acho que isso se chama saudade, se é q tem nome pra isso...
Saudade de quem?
Não sei ao certo se é saudade de gente, talvez de um lugar, de um sentimento de paz, de um carinho, um conforto, talvez de algo q eu não me lembre ou não conheça, talvez de mim mesma... eu já nem me lembro quem eu sou, não conheço, esqueci, abandonei, deixei morrer pra não doer...
O único problema: amor
A única doença: amor
Amor demais, por qualquer ser que parecesse ser capaz de sentir um pouco de afeto, demanda demais de afeto, oferta demais de cuidado, amor que peca pelo excesso, sempre o excesso... excesso inábil de amor, que rega demais a terra e a deixa encharcada e infértil. Amor que destrói...
Doía e dói manter-se assim, sempre disponível, sempre aqui, à espera do retorno de uma pequena parte da energia que foi gasta tentando agradar, tentando se fazer importante... 

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Eu perdi tudo que eu tinha de melhor na minha vida, aquilo que eu dava mais valor...
Perdi pra ela, ela me tirou tudo... tirou minha auto-estima, tirou meu amor platônico, tirou os meus amigos e a minha família, tirou meu sorriso... 
Eu não percebi que ela estava levando tudo embora, fui deixando... quando vi eu já era carta fora do baralho! Agora ela ocupa o meu lugar, o lugar que nunca devia ter deixado de ser MEU! 
Eu tive que fazer uma escolha, eu ia perder e sofrer de qualquer jeito, escolhi o caminho mais fácil, me afastar para não ver o que eu perdi, para não ver meu espaço sendo ocupado por ela... e agora, assim de longe, eu choro por ver como todos estão felizes sem minha presença, e com ela... 
Eu que escolhi, eu sei... e desde o início eu fiz tudo errado, desde o início eu vim caminhando para que terminasse desse jeito... 
A culpa é minha outra vez, esta culpa que me arranca o direito até de lamentar...
Novos Horizontes
Engenheiros do Hawaii

Corpos em movimento
Universo em expansão
E o apartamento que era tão pequeno
Não acaba mais...

Vamos dar um tempo
Não sei quem deu a sugestão
Aquele sentimento que era passageiro
Não acaba mais


Quero explodir as grades... e voar
Não tenho pra onde ir,
Mas não quero ficar

Novos horizontes
Se não for isso, o que será?
Quem constrói a ponte
Não conhece o lado de lá

Quero explodir as grades.. e voar
Não tenho pra onde ir
Mas não quero ficar

Suspender a queda livre... libertar
O que não tem fim sempre acaba assim...

Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de
ano, foi um indivíduo genial.

Industrializou a esperança fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.

Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez com outro número e

outra vontade de acreditar que daqui para adiante vai ser diferente...

Para você,

Desejo o sonho realizado.

O amor esperado.

A esperança renovada.

Para você,

Desejo todas as cores desta vida.

Todas as alegrias que puder sorrir.

Todas as músicas que puder emocionar.

Para você neste novo ano,

Desejo que os amigos sejam mais cúmplices,

Que sua família esteja mais unida,

Que sua vida seja mais bem vivida.

Gostaria de lhe desejar tantas coisas.

Mas nada seria suficiente...

Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos.

Desejos grandes e que eles possam te mover a cada minuto, ao rumo da sua
FELICIDADE!!! '

Carlos Drummond de Andrade