quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Nunca fui de ter laços fortes com os outros. Nunca consegui.
A minha melhor amiga do intercâmbio é italiana e em menos de 1 mês não nos veremos mais.
O que ela diz a respeito: "Quando vc for embora eu fico amiga de outra intercambista."
Eu acho engraçado. Ela é fria igual uma pedra (ela mesma que diz) e a gente se dá super bem (talvez por isso).
Eu passo pelas pessoas, elas passam por mim, restam boas recordações. E fim, sou assim.
Tem dias que isso dói, tem dias que prefiro assim, tem dias que me arrependo de ter me esforçado em vão para fortalecer um laço, tem dias que me arrependo de não ter me esforçado um pouco mais.
Coisa estranha essa de ser gente entre tanta gente, dá trabalho pra daná!
Nenhum homem é uma ilha, dizia o poeta. Será?
Cesena (Italia), 25/06/15.
Eu admito, sinto uma euforia. Muita novidade pra pouco tempo de assimilar.
Muitos sentimentos tentando achar os seus exatos lugares no tempo/espaço para se fixarem. Muito a ser pensado, muito a ser conversado, muito a ser pacientemente compreendido, muito ainda a ser descoberto. Tem sentimento que eu sinto por antecipação, que nem tem causa ainda, que eu nem sei o que fazer com ele. Tem sentimento, de sobra.
Eu sei, o que eu digo nem sempre faz sentido. Pouca coisa o faz, na verdade.
Devo lembrar de deixar de me angustiar diante do sem sentido. Como me foi dito em sonho, acredite, eu sonhei com isso: "se tentamos recobrir de sentido aquilo que fundamentalmente não o tem, corremos o risco de dividir e desajustar o sujeito".
Oi, eu sou um sujeito desajustado e eu vou sempre correr atrás do sentido das coisas como se houvesse uma caixa com todos eles guardados ou como se eles estivessem nessas gavetas de metal das repartições públicas. O sentido é publico? É privado? Acho que é privado, mas eu procuro como se fosse público, como se todo mundo do mundo soubesse de tudo, conhecesse todos os sentidos, menos eu.
Ao menos é divertido.
12/12/14