segunda-feira, 12 de agosto de 2013


Acho muito interessante esse tema vir à discussão, afinal, já é tempo de abolir certos preconceitos e falar de coisas que antes circulavam apenas entre os buchichos maldosos das vizinhas: "olha lá a dona flor e seus dois maridos!"
Vamos, de antemão, combinar uma coisa: Cada um vive da forma como acha melhor, certo? Cada um é livre para buscar o prazer do jeito que mais lhe agrada, certo? Ok, agora podemos avançar na discussão, meio unilateral, claro, visto que blog não é la uma página muito lida e comentada. Mas não importa, como de costume, expresso aqui o que penso a respeito daquilo que me salta aos olhos.
Aqui vai uma confissão: desde o meu primeiro namorado, se é que eu poderia chamar assim, eu era adepta do tal "relacionamento aberto". Eu achava um pecado obrigar alguém a se comprometer, e que, além disso, seria muito mais interessante estar com uma pessoa que vem até você porque te quer, te deseja, e não por estar presa num contrato afetivo chamado "namoro". Poético, quase.
E então os anos se seguiram, minha mãe rezando para eu "desencalhar", a família já desconfiando de algo "fora dos eixos"... e lá ia eu, feliz, vivendo "ao máximo" a minha sexualidade, no estilo "OLX Desapega".
Até que um dia apareceu um príncipe encantado num cavalo branco... MENTIRA! Já se sabe há tempos que os príncipes não vêm em cavalos brancos, eles andam de 2004 que nem a gente! 
Até que um dia eu entendi que esse meu comportamento, essa minha posição subjetiva frente ao contato com um parceiro sexual e à possibilidade de um relacionamento, era mais uma barreira à entrada do amor.
Amor, quem dirá que sabe realmente o que é isso?
Eu apenas compreendo que algo ruiu na maneira como eu entendia e até subjugava o amor. Apenas compreendo que, para mim, o relacionamento aberto só durou tanto tempo e funcionou até bem durante esses anos todos porque eu me envolvia de forma superficial. Mesmo que eu me jogasse de cabeça no que eu estava vivendo (e fiz isso inúmeras vezes), ainda assim eu não acreditava que o amor pudesse existir de verdade, eu não acreditava que eu pudesse ter alguém ao meu lado, um companheiro. Eu me sentia sozinha, mesmo quando me envolvia com alguém (s), e seguia sozinha, esperando, talvez, alguém ou algum sentimento que eu ainda desconhecia.
Numa relação aberta eu tinha uma certeza: mais cedo ou mais tarde aquilo iria acabar. Havia um prazo de validade, geralmente curto. Dessa certeza surgia uma dúvida angustiante: o que era preciso fazer, então, para não se tornar desinteressante para o outro?  Era preciso dar o meu melhor no começo, até que o melhor já não fosse mais interessante e então a relação era descartada. 
Sim, estamos na era dos amores líquidos, expressão incessantemente repetida na faculdade. É como o entrevistado falou, amores voláteis. Argumentos assim me faziam desacreditar nos relacionamentos, monogamia e todas essas coisas que, como dizia um antigo professor, foram impostas pela cultura judaico-cristã ocidental. Mas é que de repente eu me peguei desajeitada, desejando tanto uma única pessoa, que todas as outras se apagaram. E assim, não faz mais sentido a possibilidade de que essa pessoa a quem amo queira estar com mais alguém além de mim. Agora entendo o ciúme, a insegurança, coisas que julgava derivarem de "mentes ainda um tanto fechadas". Caí no comum, mas o comum me faz bem, me faz feliz!
Acho mesmo importante que os amores tenham lá sua liquidez, afinal, já dizia o bom Marx, "tudo o que é sólido desmancha no ar". O amor não pode ser rígido, ele precisa ser maleável, ele se transforma ao longo de uma relação. Ele não é descartável, ele é reciclável, entende? 
Já não preciso dar tudo de mim no começo porque há tempo, porque eu tenho alguém a longo prazo, porque o amor e a relação são construídos com o tempo e porque tudo tende a ficar melhor à medida que o casal vai se conhecendo. Saber disso foi como receber um abraço, me acalentou. Há tempo, suficiente, pra construir e viver um amor. 



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