quarta-feira, 27 de abril de 2011


Se eu poetizo, deixa de ser real, passa do real ao imaginado, fica sendo apenas mais uma história e morre ali, não vai além do que está escrito, morre nos olhos de quem lê. 

Quando escrevo, o sofrimento vai se dissipando, deixa de pertencer a mim, passa a ser de um eu imaginado, terceirizado, lido e admirado, admirado não pela resiliência, mas pela capacidade surreal, ilógica e portanto fictícia de... de sofrer? Bem, vira sofrimento alheio, sofrimento abstrato, sofrimento impalpável, sofrimento dado de presente para quem junta essas letrinhas e forma palavras, frases e encontram algum sentido no que não tem sentido nenhum.
Não faz sentido. Não sei por quê escrevo isso. Talvez  esteja aí a lógica: um belo arranjo com as palavras torna doce o que é amargo... quando faço isso eu não preciso fazer sentido, eu apenas faço, me faço, eu apenas posso ser... ser sem ser eu, verdadeiramente eu.

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