quinta-feira, 13 de dezembro de 2012



Cabeça vazia, oficina do diálogo. 
Seria preciso calar o pensamento para poder ouvir o outro e a mim mesma. Esvaziar, para depois preencher a cabeça de forma organizada, ordenada. 
Eu não estou num bom momento para esse esforço de comunicação. Não consigo ser clara e tudo o que eu falo parece sem sentido e incompreensível. Isso acontece porque, para mim mesma, as “coisas” estão ainda difíceis de serem nomeadas. A confusão do que eu sinto me parece não caber no campo da linguagem. Preciso antes me entender para me fazer entender pelos outros. Sinto raiva e vergonha de todo o blablabla, ficando perdida nos excessos da linguagem falada. 
É por isso que escrevo, para dar contorno ao que sinto, e para sentir o que falo, pois muitas vezes pareço estar apenas respondendo a uma programação. Dar contorno é também dar um limite, uma barreira ao sofrimento. 
Escrevo não pela mera poesia, mas porque tenho esperanças de encontrar nas entrelinhas alguma resposta. Poesia deriva de “poiesis”, palavra grega que sugere criação, produção de algo novo, um trazer à luz, desocultação. Assim, escrevendo, talvez eu tenha alguma luz. Quando tenho essa luz, sei que algo se modifica. Pode parecer que penso demais para me proteger e permanecer no mesmo lugar, enquanto, na verdade, tudo isso é uma busca desesperada e sem rumo por encontrar algo que me transforme.

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