quarta-feira, 12 de dezembro de 2012




"A preocupação das pessoas, quando lutam por livrar-se de algo, é completamente absorvida pelo 'de que' elas querem se libertar. Na hora em que finalmente encontram a liberdade descobrem que, na luta por ela, apaixonaram-se de uma maneira perversa por aquilo que impedia a própria liberdade. A palavra perversa é usada aqui no sentido de 'pelo avesso', ou seja, as pessoas se apaixonam pelo avesso, pelas suas dificuldades. Assim, no momento em que se vêem livres delas, em vez de se sentirem realizadas e felizes, percebem que a liberdade é fundamentalmente abandono, pois, livres de todo impedimento, estão mais do que nunca sozinhas, desligadas de todas as coisas e lançadas numa situação na qual se sentem livres para coisa alguma. 
A mesma dimensão do abandono que nos deixa, de repente, jogados no meio das coisas, deixa-nos livres para a dedicação a algo. A liberdade é condição fundamental para que possamos nos dedicar àquilo que pretendemos. Mas mesmo esse lado positivo da liberdade, ou seja, poder dedicar-se a um sentido, também pode ser incômodo, porque o sentido às vezes não está claro ou parece inatingível. A dificuldade, outras vezes, provém do quanto de compromisso e trabalho a pessoa sente que precisará ter para se dedicar ao sentido."

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