quarta-feira, 11 de abril de 2012

Foto: Lissy Elle.
Não era bem essa a questão que eu pensei que ficaria pendente no decorrer da minha vida. Pensei que seria uma paixão, um relacionamento mal resolvido, como é o costume da maioria. Mas não, hoje me veio a certeza, vai ser esse o meu presente-grego, com o embrulho mais difícil de desdobrar que eu já vi. E como eu queria desembrulhar logo, resolver logo a questão! Sempre era a primeira da turma a chegar com o resultado das equações de segundo grau para o professor, que desafiava a turma com aquelas contas aparentemente impossíveis.
Hoje eu cheguei quase com a mesma inocência de uns tempos atrás, quando eu ia buscar a solução de um problema sem pedir uma explicação teórica, só a solução... Mas hoje eu queria mais, queria aprender, apreender, eu estava em outro posto, a solução já não era tão mais urgente, a teoria era importante, e a solução, aaah, a solução... a tão sonhada solução... ainda um desejo.
E então eu ouvia tudo com os ouvidos atentos e absorvia cada palavra. Tinha as respostas de cada pergunta e crítica que, silenciosamente, eu fazia naquela época, para aqueles ouvidos que se pudessem escutá-las, lá atrás no passado, teriam feito uma escuta diferente, enviesada por Lacans e Freuds. Creio que vi maisjustificativas que respostas. Faz diferença. Ainda mais quando se trata de... e se trata de. Mas me deixe com minhas críticas, porque elas nunca me deixaram, desde então.
Retomando... eu questionei, eu queria mesmo saber, como e quando se sai de lá. Era uma forma de perguntar se um dia, quando, se ao menos um dia, seria possível ficar bem. Uma pergunta tão simples, com opções de respostas assustadoras, pois: se sim, pode-se dizer que sai quando o corpo melhora. E então eu perguntaria para onde foi o sujeito e todo o discurso de "tratamos o sujeito"? Se não, é possível que pessoas fiquem lá por anos ou nunca saiam, morram, sei lá. Mas, foi uma pergunta sem resposta. O que deixou-se a saber foi que nunca se tem uma recuperação completa, sempre fica um rastro do que se foi, um rastro que vai marcando seu caminho ao longo da vida, por onde você passa, por onde você se senta para comer.
E o menino burro, que não consegue resolver o desafio de matemática em casa, vai embora frustrado, porque o professor também não pôde dar uma solução.

5 comentários:

  1. Eu acredito que o mais desafiador e difícil não seja procurar e eventualmente encontrar uma solução. Talvez a arte esteja mesmo em lidar bem com esses rastros deixados, não esquecê-los mas tentar transmutá-los em algo que possa seguir com a gente. Tal como uma experiência, a que possamos recorrer quando temos dúvidas...e quem sabe sair com um pouco mais de sabedoria dessa consulta ao que ficou.
    Tentar arranjar uma solução talvez seja um desserviço a si mesmo, dar voltas em círculos. Pelo menos, é o que percebo.
    Eu leio teu blog sempre, espero que não se importe.

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  2. Claro que não me importo, Li. Sua participação aqui me alegra, embora eu lamente que em meio a tantas publicações, com temas tão diversos, somente um chame sua atenção.

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  3. Olá!

    Olha só, não sei mexer direito em internet, nunca tinha percebido que você me respondeu.
    Ah, claro que há vários deles que me chamam atenção, cada um de uma forma completamente diferente, sem falar nas imagens, que são fantásticas.
    No entanto, em muitos posts as questões acabam se abrindo pra mim como um convite ao pensamento, a sensações, a análises pessoais, ou só ecoam mesmo na minha mente de uma forma interessante. Simplesmente não saberia o que comentar, embora quisesse fazê-lo.

    Acho que acontece mais ou menos assim com a maioria das pessoas que lêem blogs, que são mesmo como diários virtuais.

    :)

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    1. Só agora eu também vi que você me respondeu! Não há nenhuma maneira de ficarmos sabendo a não ser que olhemos de vez em quando...
      É por isso que talvez você nem veja isso que estou escrevendo... queria que soubesse que me sinto ansiosa por não saber se você sente raiva, mágoa, de mim...
      A grande distância, total falta de contato, me entristece e me faz pensar coisas que eu não gostaria que fossem reais, como a possibilidade de um encontro desagradável...
      Há muito tempo entre o ontem e o agora, torço para que ele tenha sido justo com você assim como foi comigo. Ele me fez entender muitas coisas, e sinto em meu coração o desejo real de compartilhá-las com você. Mas temo que possa ser um desperdício de tempo, e que jamais haja alguma espécie de abertura.
      Penso em você com carinho, queria que fosse recíproco. Na impossibilidade de sabê-lo, deixo-lhe minhas palavras. E que as guarde com ternura, pois todas elas me são bastante custosas.
      Um grande abraço, Li.

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  4. Olá!

    Dessa vez foi uma coincidência muito boa, porque é feriado e fiquei navegando por blogs, então vi sua resposta!

    Sinto coisas muito parecidas com as que você escreveu, e a possibilidade de um reencontro desagradável me angustiava de um jeito muito ruim. Fico feliz em saber que, assim como do meu lado, do outro também não há intenção nenhuma de que haja um desacordo, na realidade, muito ao contrário disso!

    Bem, eu inicio o primeiro semestre do curso de Psicologia assim que as aulas começarem, em algum dia da semana que vem. Estarei em BH, e seria mto legal tomar um café e ouvir como foram as coisas durante esse tempo todo, o que vc quiser contar.

    Não tenho facebook ou nada do tipo, mas por e-mail podemos combinar alguma coisa.
    O único e-mail que checo diariamente é alicesantos89@hotmail.com


    Abraços e lembranças.

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