sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

  Olá Noel, 
desculpe esta carta de última hora, mas só agora pude colocar os pensamentos em ordem e sentar aqui para te escrever. Tenho ao meu lado uma caneca de um café bem forte, para curar essa ressaca, de uma noite longa e intensa. Mas como curar esse mal-estar que esse ano, tão longo e igualmente intenso, deixou? Que sentimento estranho esse aqui, bom velhinho: sinto uma coisa que não sei se é ressaca, dor ou angústia. Coração acelerando repentinamente... pode ser o café, acho... Ou talvez tudo isso seja só esse sentimento saudosista que acomete a gente no fim de ano. Fim, né? Todo fim dói, mas toda dor também tem fim.
  Aah Noel, se soubesse como me comportei mal esse ano, nem se daria ao trabalho de ler esta carta...
2010 foi um ano tão difícil que eu só queria, desde o início,  fazer 2011 dar certo, trazer a felicidade pra perto, e pra isso eu precisava mudar algumas coisas. E mudei. Mudei de vidas, isso mesmo: vidas, no plural. É que tive muitas vidas esse ano, muitas formas de pensar uma mesma questão, muitas questões sem forma definida, diferentes ângulos pelos quais pude enxergar a mim mesma, de diferentes formas. Mas sabe, Noel, às vezes, tentando acertar, a gente erra, e consegue piorar tudo o que já estava ruim. 
  Esse ano me valeu por 3, e quase não coube em mim. Sinto agora como se eu tivesse uma vida maior que a minha... Tão jovem e um bocado de história pra não contar. E não contarei, é segredo meu, é coisa minha e de mais ninguém. 
  Ainda não sei como sobrevivi a 2011, ou subvivi... que seja. Mas, no fim das contas, eu sempre acabo aqui, escrevendo com a tinta vermelha do sangue que jorra das minhas palavras. Ano intenso, longo, difícil... Encontros e desencontros, mais perdas que ganhos, mas pelo menos aprendi coisa demais, inclusive a ficar mais atenta, mais esperta... Eu não cairei mais nas mesmas ciladas auto-impostas, pode apostar! Mas precisava mesmo ter sido desse jeito, Noel? Eu precisava mesmo ter passado por tudo isso pra agora sim estar pronta pra mudar de verdade? Aprendizagem em excesso cansa. Tanta aprendizagem assim custa caro, e eu não estaria disposta a pagar um preço tão alto se eu tivesse sido ao menos consultada. Eu não tinha condições de arcar com o custo, agora pago a prestações, com juros, por mais alguns bons anos...  Ainda fiquei me devendo algumas explicações e uma boa quantia de perdão.
  Noel, se eu merecer, faça ser diferente daqui pra frente.

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