sexta-feira, 13 de maio de 2011


Banhar-se... sempre foi mais que o ato de lavar e limpar o próprio corpo. Sempre foi um ritual que eu seguia com uma religiosidade quase obsessiva. O toque delicado das mãos que acompanham o escorregar fluido da água, o próprio toque da água... O barulho da água batendo no corpo e depois no chão faz com que o único som que eu possa ouvir seja o dos meus próprios pensamentos. E nos meus pensamentos eu expulso o que há de sujo, o que dói, o que é ruim. Deixo sair o que há de impuro. Renovo-me como uma criança que acaba de deixar o útero úmido da mãe. Renovo-me para o desconhecido, nasci e agora vou banhar-me em outras águas. Nadei enquanto fui feto e agora me ponho a nadar em águas mais profundas e frias. 

2 comentários:

  1. Sabe, sempre percebi no banho, além desse simbolismo tão claro de algo quase ritualístico, uma questão mto importante: o contato com o corpo. É quando nos banhamos que ele encontra-se no seu auge: a nudez, o toque das mãos, os olhos podendo acompanhar cada parte, boa ou ruim do nosso corpo. Eu mesma com meu corpo. Ao mesmo tempo que é prazeroso, não consigo deixar de pensar essa coisa profundamente angustiante do banho: meu contato intenso com meu próprio corpo.

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  2. É apenas mais uma das diversas formas de contato com o seu corpo, que se intensifica pela possibilidade de olhar diretamente pra si, ali, desnuda. Mas vc está em contato com seu corpo e com vc mesma o tempo todo, e talvez o contato mais angustiante não seja com o "corpo visto", mas com o "corpo sentido". Este, mesmo estando sob mil camadas, de pele, roupas, cobertores... sempre estará nu.

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