quinta-feira, 6 de outubro de 2011


Pode entrar, eu queria ter dito, desde o primeiro momento.
Deixe a mochila num canto, tome um banho quente, quem sabe um café...
Experimente tirar um cochilo também...
Pode entrar, eu queria ter dito.
Entre, ocupe todo o espaço, se espalhe pelas minhas coisas, deixe o perfume pelos cantos, pelos objetos...
Pode entrar, eu queria ter dito, desde o primeiro momento, mas não pude.
Eu me conheço suficientemente bem para saber que eu ainda não podia ter você! Eu só posso permitir que você entre na minha vida quando eu for capaz de aceitar que você também saia dela.
Você é livre e eu te amo assim, livre pra si mesmo. 
Não posso prender numa gaiola um pássaro acostumado com vôos altos. Jamais tentaria prender a opulência e exuberância dos condores que sobrevoam as cordilheiras andinas. Sua liberdade é pungente. Amo a sua liberdade.
Eu não podia deixar você entrar assim, na minha vida, na minha carne, no meu ser, enquanto não aceitasse também a sua saída...
Mas quando dei por mim, não havia mais nenhuma resistência, era tarde, você já era parte de mim mesma, porque fazia meu coração acelerar, meu corpo suar... e confundia a minha cabeça, os meus sentimentos... Como algo extra a nosso ser pode atuar dessa forma dentro da gente? 
Só estando aqui dentro também, e você já estava, há muito tempo, muito antes de.

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