quinta-feira, 6 de outubro de 2011



"Deixa-me entrar - pediu - sou teu irmão. Só tu me limparás da lama escura a que me conduziu minha paixão."

A Loucura desdenha recebê-lo, sabendo quanto o Amor vive de engano,
mas estarrece de surpresa ao vê-lo, de humano que era, assim tão inumano.
E exclama: "Entra correndo, o pouso é teu.
Mais que ninguém mereces habitar minha casa infernal, feita de breu,
enquanto me retiro, sem destino,
pois não sei de mais triste desatino que este mal sem perdão,
o mal de amar."

Carlos Drumond de Andrade

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