Esse algoz às vezes suave, às vezes mais terrível...
Demônio absoluto conferindo qualidade a todas as coisas...
É ele ainda hoje e sempre quem decide.
É por isso a quem me curvo cheio de medo...
E erguido em suspense me pergunto: qual o momento preciso da transposição...?
Que instante...?
Que instante terrível é esse que marca o salto...?
Que massa de vento...?
Que fundo de espaço concorrem para levar ao limite...?
O limite em que as coisas, já desprovidas de vibração, deixam de ser simplesmente vida na corrente do dia-a-dia, para ser vida nos subterrâneos da memória..."
Que a minha enfermidade era mais conforme que a saúde da família
Que os meus remédios não foram jamais inscritos nos compêndios
Mas que existia uma outra medicina – a minha...
E que fora de mim eu não reconhecia qualquer ciência...
E que era tudo só uma questão de perspectiva
E o que valia era o meu e só o meu ponto de vista
E que era um requinte de saciados testar a virtude da paciência com a fome de terceiros.”
Lavoura Arcaica, 2001
Dirigido por Luiz Fernando Carvalho
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