quinta-feira, 12 de maio de 2011

"A asma me prendia para perto do corpo e não conseguia ficar longe dele. Nunca tive bonecos para fazer dormir, preocupado em cuidar da sobrevivência e do luxo de uma noite de sono. Eu era meu próprio boneco. Na Educação Física, buscava superar o cansaço e a inapetência respiratória. O professor pedia para dar vinte voltas pelo colégio. Não me agüentava, e ia. Sempre fui quando não me agüentava, a verdade é que sempre sou quando não me suporto. Se o professor dizia que não precisava fazer, eu fazia. Na corrida, condenava-me a ultrapassar a asma, além dos meus colegas. Enquanto todos retornavam à aula de matemática como se nada tivesse acontecido, eu permanecia mais de meia hora no banheiro apertando a bombinha na boca. Nunca respeitei meus limites, como reconhecê-los se não morrer por eles? Não me desculpo por antecedência."
Fabrício Carpinejar 

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